Aventura MIUT/2015, dias 9 a 12 de abril.
Bem cedo começou esta aventura e que aventura.
Madrugada de 5ª. feira pelas 04h, destino Aeroporto de Lisboa, arranjar lugar para estacionar a viatura, bem arrumada, dirigirmos-nos para o terminal 2, confirmar as passagens, enviar bagagens e esperar para entrar para o avião, partida às 07h10, em direção à Ilha mágica, Madeira... duração da viagem 01h30 e pelas 09h00, como previsto, encontrávamos-nos no destino.
Esperar pela bagagem, cumprimentar os amigos que seguiram no mesmo voo e seguir até Machico, de taxi, onde iríamos, ficar por algumas noites e dias...na "Residencial Família", a pouco mais de 500m do secretariado e local da meta, tal como havia planeado, ficar junto à mesma, para depois de concluir a aventura, tomar um bom banho, quente e descansar...
Chegados à residencial, também aqui, fizemos o cheque "in" e só depois nos fomos instalar.
- Após um ano, tínhamos regressado, aproveitamos para dar uma volta e matar saudades de Machico... nesse dia, mesmo a chover, ainda deu para ir até lá acima, fazer um pequeno treino, junto à levada que nos conduziria até à meta...
Ao fim da tarde, levantamento dos dorsais, assistirmos ao briefing e jantamos na zona do "past party", pôr a conversa em dia, com alguns amigos...
Hora de ir descansar, dormir, porque a próxima noite, pelo menos essa, não vai haver cama para ninguém, muito menos dormir, não é que não haja vontade, mas temos outras obrigações, nestes dias quando necessitamos mais de descansar é quando não conseguimos, talvez devido ao stress... parece que mexe com o nosso organismo, todos queremos fazer o nosso melhor...
- No dia seguinte acordar pelas 09H00, tomar o pequeno almoço e dar um pequeno passeio, para descontrair, na companhia de um casal amigo, ida até ao Funchal, passagem pelo Mercado Municipal e por um dos locais obrigatórios, estátua do Ronaldo, mais umas voltas e fomos almoçar...
- Entradas, umas lapas e prato principal umas espetadas... e como bom alentejano, que me considero, um bom vinho do Alentejo. Excelente almoço, em muito boa companhia.
E assim se passou a manhã e início da tarde, visita à fábrica da aguardente de cana de açúcar e regressar ao ninho para descansar um pouco e acabar de preparar as mochilas e sacos, para quando chegar a hora do embarque estar tudo prontinho.
Equipa dos A20KM...
- E depressa chegou essa hora, autocarros a saírem junto às bombas de gasolina, a partir das 21h00, com destino a Porto Moniz, local da partida desta grande aventura, cerca de 1h e pouco de viagem.
Olha só para a carinha deles...
- Nervossismo muito, desta vez mais, já sei o que me vai esperar, ao longo desta noite e durante o dia seguinte, muita humidade, calor, frio, muito frio, naquela zona do planalto, muito sobe e desce, grandes subidas, espero que o corpo corresponda e me ajude, não vai ser fácil e lá se foi aproximando a hora de entrarmos no controlo 0... e aguardar que seja dado o sinal de partida... para os cerca de 600 aventureiros, atravessarem a Ilha duma ponta à outra, 115 kms, com um desnível positivo de 6800m.
1º. objetivo - terminar dentro do tempo limite.
E pelas 00H00, foi dado o tão esperado, sinal de partida...
Grande entusiasmo dos participantes, nesta fase inicial, ria-se, contavam-se anedotas, falava-se e assim se ia subindo, à medida que se ia subindo esse entusiasmo, foi ficando para trás, e a vontade de rir ou brincar, desapareceu e deu lugar ao silêncio e o som que se ouvia mais era o respirar ofegante dos aventureiros e o bater do ferro, dos bastões, na calçada ou alcatrão...
Finalmente esta subida acabou para depois vir a descida aos SSS, quem estivesse já cá em baixo e olhasse para cima, só via luzinhas, umas atrás das outras... muito bonito de ver, a descida foi coisa de pouca duração, iniciou-se uma outra subida, agora já dentro da vegetação, muita humidade e muita vontade de correr, entramos junto à levada, que nos acompanha, uns bons 5 a 6 kms, para depois subirmos mais um pouco até ao 1º. abastecimento... Fanal, bem lá no alto, muito nevoeiro e algum frio, visão muito pouca, todo o cuidado era pouca e ainda faltavam cerca de 100 km...
Iniciava-se aí uma uma zona muito perigosa, devido às condições climatéricas e do terreno, pouca visão, devido ao nevoeiro e descidas muito perigosas, por veredas com muitas pedras e outros obstáculos... foi uma descida dos 1100m de altitude para os 300m, em Chão da Ribeira, 21 kms feitos, com alguma calma, porque o pior ainda estava para vir...
Aqui começou um dos percursos da prova que eu considero dos "mais dificeis", subir dos 300m até aos 1600m, numa distância de 8.500m, sempre a subir, nunca mais acaba aquela subida e quando se chega lá ao cimo, o frio que está... se pararmos gelamos, foi o que me aconteceu o ano passado e este ano esteve quase a ser outra vez... apareceram os vomitos de novo e a vontade de comer não era nenhuma, como nunca tinha caminhado com os bastões, os mesmos mantiveram-se sempre pendurados à mochila, ouve alguém que ainda comentou que se os levasse nas mãos poderiam ajudar e era menos esse peso nas costas... e o abastecimento no alto dos Estanquinhos nunca mais aparecia... 30km.
Finalmente, podia aquecer um pouco e assim foi, cheguei ao posto de abastecimento, enrolei-me num cobertor em frente ao aquecedor e estive uns bons 20m a aquecer as mãos e o resto do corpo... e segui viagem.
Mas sem antes tentar beber o caldo de uma canja, porque não tinha massa, era só mesmo água, a tremer e a tentar segurar a tigela direita... não era fácil, mas tinha que continuar, porque o ano passado já ali tinha ficado e não queria repetir...
Daqui para a frente era-me desconhecido o percurso, eram 5h e já ia com um desnível + de 2800m.
Daqui era descer, até ao próximo abastecimento, por trilhos e veredas, começava a clarear o dia, mas a progressão continuava a ser muito dificil, a cabeça queria continuar, mas o corpo pedia para parar, foi nesta altura que se juntaram alguns amigos e me ajudaram, mas não havia muito a fazer, o corpo não queria mesmo, não conseguia comer, nem beber e só de pensar em comida me dava vomitos...lá ia indo conforme conseguia e finalmente cheguei ao abastecimento 4º. Rosário ao km 39.
Pequena pausa, bebi um pouco de coca-cola, acho que não comi nada, tirei os bastões da prateleira e pela primeira vez que os usei, nunca mais os larguei, ajudam bastante, lá continuei e aos poucos fui ganhando animo e vontade para correr, talvez por ver passar os 1ºs. atletas da prova dos 85km... e assim consegui ir até ao próximo abastecimento, Encumeada aos 47 km.
Engoli mais uma sopa de água e saí cheio de energia para enfrentar mais uma etapa até ao Curral das Freiras, mas até lá, tive que dar bem aos chinelos, inicialmente a descer e olhava-se para o outro lado do vale viam-se umas manilhas, que viam do alto da serra até cá abaixo, qual o espanto quando me apercebi que tinha que ir subir aquilo tudo até lá acima, não foi tarefa facil, chegado ao alto, foi andar ao longa da serra, às voltas e nunca mais se chegava ao próximo abastecimento, até que lá ao fundo, se avistou a aldeia, onde poderíamos mudar de roupa e comer mais qualquer coisa, mas para lá chegar ainda havia uns kms para percorrer...
Acho que eram 10H00, quando lá cheguei e 60kms já estavam, sentia-me mais ou menos, penso que dava para continuar e lá fui cheio de vontade, em direção aos picos, só não sabia bem o que me esperava, daqui e até ao pico do Areeiro era sempre a subir, dos 625m de altitude até aos 1800m, Pico do Arreeiro, com passagem pelo meio no Pico Ruivo, começava a fazer sentir-se algum calor, na zona do Curral, para fazer um km demorava mais de meia hora, depois lá mais para a frente, perto do Pico Ruivo, mais uma crise de vomitos e sem forças para continuar, mas aos poucos lá ia indo, não tava fácil, como estava um dia muito bonito, sem nevoeiro, podia-se ver aquela beleza de paisagem, grandes montanhas, olhava-se para cima, pareciam que nunca mais acabavam, pareciam que iam pegar ao céu... Só por quem lá passou pode avaliar o quanto de magnifico é aquela zona...
Degraus, nem sequer vou falar deles... acho que o percurso é 75%, feito neles...
Chegado ao Pico do Areeiro, ao km 75, aqui sim, comi mais uma agua daquela canja, mas desta vez, juntei-lhe um pouco de arroz, parece que era o que precisava, mais uns copos de coca cola e seguir viagem...
Daqui para a frente, já era mais plano e de novo tinha renascido, parecia que a vontade e forças estavam de volta e assim foi até quase ao fim...
Novo abastecimento aos 89 km, no Poiso, começava a escurecer e íamos entrar numa zona muito densa de vegetação, com muito bons sigle tracks.
Do Poiso até à Portela, foram 8kms, pareciam que nunca mais acabavam, as descidas já se tornavam dolorosas, os joelhos doíam e não só, acho que já doía tudo, se parasse acho que o motor já não arrancaria, por isso, havia que olhar em frente e seguir, aqui nesta zona, juntei-me a um amigo, dos 85km, que por sinal era da Madeira e segui até ao fim com ele... muito boa companhia.
Ele conhecia bem esta zona e ia-me alertando para os perigos que nos iam aparecendo, especialmente naquela zona de areia, zona muito perigosa...
Enfim... chegamos à levada que nos acompanharia até quase ao final, ai sim, deu para correr a um ritmo bom e ainda deu para um espalhanço, mas nada de grave, nem nada que as mão e os joelhos, não estejam habituados, levantar sacudir as mãos e seguir, as luzes em Machico já se avistavam, faltariam aí uns 3 a 4 kms... e com grande sacrificio e muita vontade, consegui terminar o MIUT/2015. Não foi como eu tinha previsto, fiz 2H30 a mais para aquilo que eu me tinha proposto, era fazer dentro das 20H...
Conclui com 22H36... 94 da classificação geral e 5º. do escalão.
E pelas 00H00, foi dado o tão esperado, sinal de partida...
Grande entusiasmo dos participantes, nesta fase inicial, ria-se, contavam-se anedotas, falava-se e assim se ia subindo, à medida que se ia subindo esse entusiasmo, foi ficando para trás, e a vontade de rir ou brincar, desapareceu e deu lugar ao silêncio e o som que se ouvia mais era o respirar ofegante dos aventureiros e o bater do ferro, dos bastões, na calçada ou alcatrão...
Finalmente esta subida acabou para depois vir a descida aos SSS, quem estivesse já cá em baixo e olhasse para cima, só via luzinhas, umas atrás das outras... muito bonito de ver, a descida foi coisa de pouca duração, iniciou-se uma outra subida, agora já dentro da vegetação, muita humidade e muita vontade de correr, entramos junto à levada, que nos acompanha, uns bons 5 a 6 kms, para depois subirmos mais um pouco até ao 1º. abastecimento... Fanal, bem lá no alto, muito nevoeiro e algum frio, visão muito pouca, todo o cuidado era pouca e ainda faltavam cerca de 100 km...
Iniciava-se aí uma uma zona muito perigosa, devido às condições climatéricas e do terreno, pouca visão, devido ao nevoeiro e descidas muito perigosas, por veredas com muitas pedras e outros obstáculos... foi uma descida dos 1100m de altitude para os 300m, em Chão da Ribeira, 21 kms feitos, com alguma calma, porque o pior ainda estava para vir...
Aqui começou um dos percursos da prova que eu considero dos "mais dificeis", subir dos 300m até aos 1600m, numa distância de 8.500m, sempre a subir, nunca mais acaba aquela subida e quando se chega lá ao cimo, o frio que está... se pararmos gelamos, foi o que me aconteceu o ano passado e este ano esteve quase a ser outra vez... apareceram os vomitos de novo e a vontade de comer não era nenhuma, como nunca tinha caminhado com os bastões, os mesmos mantiveram-se sempre pendurados à mochila, ouve alguém que ainda comentou que se os levasse nas mãos poderiam ajudar e era menos esse peso nas costas... e o abastecimento no alto dos Estanquinhos nunca mais aparecia... 30km.
Finalmente, podia aquecer um pouco e assim foi, cheguei ao posto de abastecimento, enrolei-me num cobertor em frente ao aquecedor e estive uns bons 20m a aquecer as mãos e o resto do corpo... e segui viagem.
Mas sem antes tentar beber o caldo de uma canja, porque não tinha massa, era só mesmo água, a tremer e a tentar segurar a tigela direita... não era fácil, mas tinha que continuar, porque o ano passado já ali tinha ficado e não queria repetir...
Daqui para a frente era-me desconhecido o percurso, eram 5h e já ia com um desnível + de 2800m.
Daqui era descer, até ao próximo abastecimento, por trilhos e veredas, começava a clarear o dia, mas a progressão continuava a ser muito dificil, a cabeça queria continuar, mas o corpo pedia para parar, foi nesta altura que se juntaram alguns amigos e me ajudaram, mas não havia muito a fazer, o corpo não queria mesmo, não conseguia comer, nem beber e só de pensar em comida me dava vomitos...lá ia indo conforme conseguia e finalmente cheguei ao abastecimento 4º. Rosário ao km 39.
Pequena pausa, bebi um pouco de coca-cola, acho que não comi nada, tirei os bastões da prateleira e pela primeira vez que os usei, nunca mais os larguei, ajudam bastante, lá continuei e aos poucos fui ganhando animo e vontade para correr, talvez por ver passar os 1ºs. atletas da prova dos 85km... e assim consegui ir até ao próximo abastecimento, Encumeada aos 47 km.
Engoli mais uma sopa de água e saí cheio de energia para enfrentar mais uma etapa até ao Curral das Freiras, mas até lá, tive que dar bem aos chinelos, inicialmente a descer e olhava-se para o outro lado do vale viam-se umas manilhas, que viam do alto da serra até cá abaixo, qual o espanto quando me apercebi que tinha que ir subir aquilo tudo até lá acima, não foi tarefa facil, chegado ao alto, foi andar ao longa da serra, às voltas e nunca mais se chegava ao próximo abastecimento, até que lá ao fundo, se avistou a aldeia, onde poderíamos mudar de roupa e comer mais qualquer coisa, mas para lá chegar ainda havia uns kms para percorrer...
Acho que eram 10H00, quando lá cheguei e 60kms já estavam, sentia-me mais ou menos, penso que dava para continuar e lá fui cheio de vontade, em direção aos picos, só não sabia bem o que me esperava, daqui e até ao pico do Areeiro era sempre a subir, dos 625m de altitude até aos 1800m, Pico do Arreeiro, com passagem pelo meio no Pico Ruivo, começava a fazer sentir-se algum calor, na zona do Curral, para fazer um km demorava mais de meia hora, depois lá mais para a frente, perto do Pico Ruivo, mais uma crise de vomitos e sem forças para continuar, mas aos poucos lá ia indo, não tava fácil, como estava um dia muito bonito, sem nevoeiro, podia-se ver aquela beleza de paisagem, grandes montanhas, olhava-se para cima, pareciam que nunca mais acabavam, pareciam que iam pegar ao céu... Só por quem lá passou pode avaliar o quanto de magnifico é aquela zona...
Chegado ao Pico do Areeiro, ao km 75, aqui sim, comi mais uma agua daquela canja, mas desta vez, juntei-lhe um pouco de arroz, parece que era o que precisava, mais uns copos de coca cola e seguir viagem...
Daqui para a frente, já era mais plano e de novo tinha renascido, parecia que a vontade e forças estavam de volta e assim foi até quase ao fim...
Novo abastecimento aos 89 km, no Poiso, começava a escurecer e íamos entrar numa zona muito densa de vegetação, com muito bons sigle tracks.
Do Poiso até à Portela, foram 8kms, pareciam que nunca mais acabavam, as descidas já se tornavam dolorosas, os joelhos doíam e não só, acho que já doía tudo, se parasse acho que o motor já não arrancaria, por isso, havia que olhar em frente e seguir, aqui nesta zona, juntei-me a um amigo, dos 85km, que por sinal era da Madeira e segui até ao fim com ele... muito boa companhia.
Ele conhecia bem esta zona e ia-me alertando para os perigos que nos iam aparecendo, especialmente naquela zona de areia, zona muito perigosa...
Enfim... chegamos à levada que nos acompanharia até quase ao final, ai sim, deu para correr a um ritmo bom e ainda deu para um espalhanço, mas nada de grave, nem nada que as mão e os joelhos, não estejam habituados, levantar sacudir as mãos e seguir, as luzes em Machico já se avistavam, faltariam aí uns 3 a 4 kms... e com grande sacrificio e muita vontade, consegui terminar o MIUT/2015. Não foi como eu tinha previsto, fiz 2H30 a mais para aquilo que eu me tinha proposto, era fazer dentro das 20H...
Conclui com 22H36... 94 da classificação geral e 5º. do escalão.
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