quinta-feira, 12 de março de 2015

VI-Trail de Conimbriga 2015



Realizou-se no passado sábado, dia 28 de Fevereiro, com início às 00H00, sexta feira à noite, e 1 de março, a VI Edição do Trail de Conimbriga Terras de Sicó, em Condeixa a Nova, nas distâncias de 111 kms (115), 65 kms e 25 kms, provas competitivas e ainda uma caminhada de 17kms.

- Organização a cargo da Associação Desportiva “OMundodaCorrida”, com o apoio da Câmara Municipal de Condeixa a Nova e das Juntas de Freguesia do concelho.

No meu caso, a prova em que participei, iniciou às 00H00, 111 kms que se estenderam até aos 115…

-Preparativos bem cedo, durante o dia que antecedia o início da prova, descansar um pouco mais que o habitual e preparar o material para me acompanhar, durante a noite e alguma parte do outro dia. Arranjar sacos para deixar nos locais de base de vida aos 50, novamente em Condeixa, no pavilhão e aos 93 em Tapeus.

Como o tempo não para e passa depressa, chegou a hora de iniciar a viagem até Condeixa a Nova, duas horas de viagem e chegado ao destino, por volta das 21:00, tal como o estipulado.

Levantamento do dorsal, no secretariado da prova, dar uma volta pela zona de partida, Praça da República, rever alguns amigos, um pouco de conversa, o costume, dar uma espreitadela pelas tendas dos artigos de desporto e ir para onde estava instalado, no pavilhão municipal para equipar e fazer a distribuição dos sacos para as base de vida 1 e 2.


Locar da partida, já bem composta, por atletas e seus familiares e algumas pessoas da terra, controlo 0: - verificação de material e entrada na zona de partida, algumas fotos da praxe com os amigos, para mais tarde recordarem. Agora era esperar que chegasse a hora para o início desta, mais uma, grande aventura.
Finalmente chegou a hora da contagem decrescente, o grande ultramaratonista, João Colaço, já com o revolver na mão, preparado para o disparo, mas, chegado o momento, o revolver decidiu não deflagrar a bala, pelo que não houve o som do disparo, mas partimos da mesma, para esta aventura por terras do Sicó… pela noite dentro e manhã…

Inicio com uma volta pelo interior da localidade, até entrarmos nas ruínas de Conímbriga e progredir por estradas de terra, com alguma lama à mistura, passado pouco tempo tivemos a companhia da chuva, aquela chuvinha miudinha (molha tolos) e bem tolos, que nos acompanhou pela noite dentro e durante o dia…
Noite escura, com a chuva e algum nevoeiro, frontal com pouca luz, nem sei bem por onde andava, andava ali, ia atrás dos outros, aquilo que as pernas deixavam.

Passagem pelo 1º. posto de controle aos 10kms, Poço, seguir e atingir o 2º. aos 16, Zambujal, onde tinha a minha Paixão à espera que eu passasse, para dar uma forcinha e desejar boa sorte, o meu obrigado, por estar ali àquelas horas a apoiar-me… sei que foi difícil para ela, não estar a participar.

Continuar porque ainda era cedo para descansar e lá ia indo em direção a Penela, onde se encontrava o 3º. PAC, junto ao Castelo, mas antes, descrevo-o tal como o vi nessa altura, continuava a chuva e o nevoeiro, mais parecia uma imagem de um postal, via-se só a parte superior, a que estava mais iluminada, até parecia que estava suspenso no ar… “imagem muito bonita”, mas para lá chegar, ainda tinha que subir umas escadas. As pernas já começavam a pesar, passagem pelo mesmo, com muita gente na zona do abastecimento, à espera dos familiares que iam passando.

Próximo PAC aos 40 kms em Beiçudo, mas antes disso uma surpresa, por volta dos 32, 33, um abastecimento inesperado, seguir a indicação das marcações e passar pelo interior de um café, qual o espanto quando deparei com uma grande mesa bem composta de tudo, bebidas, bolos, queijos, nada faltava, mais parecia uma mesa de um casamento e em volta, muita gente simpática a aplaudir, entrei e meio espantado, perguntei se me tinha enganado, mas não, estavam mesmo à espera dos atletas que iam passando, para os mesmos poderem aquecer um pouco o estômago, com algumas daquelas iguarias e darem algum ânimo, apoio e um pouco de carinho, pela noite fora aos mesmos que iam passando, pois a mesma ia ser longa…

Sem perder muito tempo, lá fui indo, aos poucos, progressão lenta atingindo, assim o PAC. Pequena pausa, comer alguma coisa, duas ou três fatias de presunto, pão e um copo de coca-cola. Muita gente em volta da mesa do abastecimento e estava na hora de sair, para dar lugar aos outros.

Mais uns kms, em direção a Condeixa, com alguns companheiros que iam passando, mas tive sempre como companhia as marcações do percurso, aquela luzinha nas fitas quando se apontava para lá a luz do frontal, e assim me ia distraindo para ajudar a passar o tempo, mais à frente foi necessário trocar de frontal, desta vez, optei por levar outro, para não estar a mudar as pilhas.

Entrada na vila, em direção ao pavilhão, no interior do mesmo, estava instalada a Base de Vida 1, para quem quisesse mudar de roupa, ou descansar um pouco. Na escola, logo ali ao lado, o abastecimento, dos supostos, 50 kms… na companhia da minha Paixão que me acompanhou até aquele, bebi um café e comi uma broa e continuei.

Quase metade já estava, eram cerca de 05:30., só faltava a outra metade e mais 1h30m para começar a clarear o dia, mas com esta chuva e nevoeiro ia ser difícil, em alguns locais, o nevoeiro era mesmo muito e o frio apertava, os meus joelhos bem o sentiram e na parte final, a última descida já foi quase sempre a caminhar… tenho que arranjar uns joelhos novos…

Saída da escola, passagem novamente pelas ruínas, para depois entrarmos numa da zonas mais técnicas do percurso, junto a um ribeiro, onde tínhamos que descer com algum cuidado, iluminação com umas tochas e candeias, mas sempre bem apoiados pelos bombeiros.

Passagem novamente no abastecimento – Poço, onde tinha sido o 1º., curta paragem e seguir viagem, aqui já se iam ouvindo os galos a cantar, sinal que o dia estava quase a nascer, mas com pouca vontade, continuava a chuviscar e algum nevoeiro, esta zona, já conhecida das edições anteriores, seguiu-se um trilho bom para correr, tipo pista de BTT, zona de alguma vegetação e descer até a uma quinta, onde estava instalado o 7º. PAC – Rabaçal aos 64 Kms.
Como sempre, sem perder muito tempo, porque prá frente é que é o caminho, lá fui seguindo conforme conseguia, à frente esperava-nos uma das subidas, aquela que atingia o ponto mais elevado, foi feita de gatas, escorregava bastante, ainda foram cerca de 5 kms a subir.
Depois de subirmos tudo, há que descer e foi o que aconteceu, descer com passagem pelo 8º. PAC em Degracias, ao 74 km, aqui bebi um chá, morno, comer, já não era capaz e seguir até ao próximo abastecimento em Poios o 9º. PAC, 83 km, onde estava o meu amigo Soeiro de Brito.
Mas antes, perto dos 81 kms havia um trilho espetacular, por meio das arvores, todo tapado por cima e nas laterais, muito bom mesmo.

Daqui seguia-se para o PAC 10 – Base de Vida 2, em Pateus, ao 93 km, foi aqui que consegui a desejada cerveja, da noitada de copos, e comi um pouco de leitão e pão…

Ficava ali mais um bom bocado, a descansar, mas como tinha uma pessoa à minha espera, no local da meta, tive que continuar.

Lá fui, umas vezes a correr outras a caminhar, naquele ribeiro, de trilhos técnicos e perigosos, devido à muita lama e pedras, tornava-se muito escorregadio, em edições anteriores, fazia-se a descer, este ano fui a subir… e de Tapéus até Casmilo, último dos PAC, aos 100, foi praticamente sempre a subir, cerca de 7 kms a doer, mas nas descidas ainda doía mais e assim aos poucos e poucos, ia-me aproximando do objetivo proposto, chegar ao fim, se possível abaixo das 17horas.

Deste último, até à meta, percurso já familiar, aquela subida, sempre difícil, até à capela e depois a decida, técnica como eu gosto, mas não dava mais para correr.

Ao chegar junto da via rápida, pensei que já estava perto da meta, mas engano o meu, ainda faltavam uns 5 kms, mas não podia desanimar, quem chegou aqui também consegue ir mais uma pouco, bora prá frente.

O relógio aqui já tinha morrido, há algum tempo, só dá para cerca de 12 horas e nessa altura ia com os 100 quase completos…

E assim, consegui terminar mais esta grande aventura (grande para mim), por terras do Sicó, em “noitada de copos II” a Saga segue dentro de um mês…
Terminei com os objetivos concluídos: 1º. terminar, 2º. abaixo das 17horas…

22º. da geral com o tempo de 14.29’. a contar para o Circuito Nacional de Trail Ultra Endurance.

Afinal, pensava eu que tinha alguém na meta à minha espera, puro engano, esse alguém andava no meio da serra, eu acabadinho de chegar todo roto, sem forças, recebo um telefonema dessa pessoa, “Vem me buscar, estou aqui na serra…”

Quanto à organização, como sempre está de parabéns, muitos abastecimentos com tudo o que é necessário, para os atletas, vários locais com sopa, quentinha café e chá, nada a apontar.

Em relação às marcações, não estavam más, às vezes pecavam por estarem longe uma das outras.

Quanto à assistência e apoio muito boa, com várias ambulâncias e muitos bombeiros presentes, nos cruzamentos e mesmo nos troços mais difíceis e perigosos do percurso.

Veja aqui as classificações

Sem comentários: